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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O Nacionalismo é Válido?

O Nacionalismo é um princípio que defende a unidade do Estado Nacional, onde seus discursos clamam pelo amor à pátria, a defesa dos símbolos nacionais, a tudo que pertencer à nação.

Nacionalismo é o sentimento de íntima vinculação de um grupo humano ao núcleo nacional da colectividade a que pertence. É o princípio político que fundamenta a coesão dos Estados modernos e que legitima sua reivindicação de autoridade. Traduzido para a política mundial, o conceito de nacionalismo implica a identificação do Estado ou nação com o povo -- ou, no mínimo, a necessidade de determinar as fronteiras do Estado segundo princípios étnicos. Numa primeira etapa, o nacionalismo aspira a criar ou consolidar a independência política. Em seguida, busca a afirmação da dignidade nacional no campo internacional, para por último transformar-se em impulso que pode levar a nação a procurar ampliar seu domínio pela força.¹

O primeiro conceito de nação remetia a “colectividade de pessoas que têm a mesma origem étnica e, em geral, falam a mesma língua e possuem uma tradição comum". Um novo sentido sobre nação viria a surgir após a revolução francesa onde nessa época começaram a surgir movimentos nacionalistas pretendendo a autonomia do Estado, da nação. Esse movimento teve importância nos ideais burgueses para se conseguir apoio popular na luta contra o feudalismo. Surgiria então o conceito liberal de nação; a formação dos Estados-Nações e o desenvolvimento do capitalismo. Esse novo conceito determinava a nação vinculada ao território, já que o Estado agora tinha definições territoriais, almejando a soberania do povo. Mas em qual Estado Nacional o povo é soberano?

Comemoramos o dia da independência. Mas qual independência se ainda estamos subjugados, não só pelo imperialismo estadunidense, mas também, pelos nossos governantes e pela elite econômica do país? Isso nos faz perceber que a unidade que buscam os movimentos nacionalistas não existe e nunca existirá, pois dois fatores estão implicados nessa inviabilidade de união que são ignorados. As identidades étnicas e culturais e a luta de classes.

Esses dois factores são extremamente importantes para entendermos a sociedade complexa na qual vivemos e quais rumos tomar para que o povo alcance a sua soberania. O primeiro factor é muito claro no nosso país, pois possuímos uma diversidade cultural e étnica muito grande( culpa destes governos, que nos teem subjugado". O segundo factor, a estratificação da nossa sociedade em classes e, que engloba o primeiro, acompanha o ser humano desde o princípio de sua história e a sua existência é determinante para que a soberania dos povos esteja ameaçada.

Nós não nascemos com as identidades nacionais, elas “são formadas e transformadas no interior da representação”. Porém, tal sentimento de identidade nacional torna-se contraditório devido à esses factores, pois, tal unidade inexiste. E jamais poderá existir enquanto não se tiver a consciência de que pessoas exploram o trabalho de uma maioria da mesma nação ou de povos de outras nacionalidades. Como pode existir soberania do povo se o Estado que serviria para garantir os seus direitos está nas mãos de uma elite? Garantir a autodeterminação estaria implicado em termos a independência sobre outras nações ou também sobre aqueles que lucram com o trabalho do povo? A estrutura do actual sistema não permite que se tenha essa soberania e os movimentos nacionalistas que dizem almejar tal liberdade, ou são incapazes de entender a realidade, ou não teem a unidade de se afirmarem no que defendem perante o povo desta nação, e enquanto isto continuar a existir nada são e ou apenas existem para manter a alienação da sociedade.

Os Estados Nacionais são como empresas que existem para competir no mercado mundial uns com os outros. Os EUA se desenvolveram fortalecendo esse Estado e hoje controlam a economia mundial, mas para tal desenvolvimento foi preciso esmagar a economia de países que haviam acabado de sair da condição de colónias, como no caso dos países latinos, para garantir uma estrutura ao seu povo, na Europa quase que foi a mesma coisa. O bem-estar de uma sociedade tem um custo elevado e até países como Suíça, Holanda, Suécia, entre outros, necessitam que suas empresas se expandam pelo mundo em busca de mão de obra barata para poderem continuar suportando o bem-estar de sua sociedade.

Com a actual estrutura do nosso sistema, não seria diferente com Portugal.
Com o avanço do imperialismo dos EUA, esse nacionalismo se redescobre na Europa e na América Latina, mantendo o mesmo discurso, mas que nas vias concretas cometem os mesmos erros. Enquanto houver a supervalorização de uma nação sobre a outra, de uma classe sobre a outra, a soberania popular será utopia.

Os povos devem lutar pela sua autodeterminação, mas somente a conseguirão quando as lutas de classes forem eliminadas. Temos que redescobrir o conceito de nação, pois nesse conceito deve estar embutido que a finalidade de uma nação é objectivo comum que seus integrantes possuem, no entanto, trabalhadores e patrões não poderiam pertencer à mesma nação se possuem objectivos tão distintos. O segundo almeja o lucro e para isso explora o primeiro, portanto, não há soberania alguma. Do que adianta a independência económica se o povo ainda é dependente da elite da economia nacional? Quando o nacionalismo é válido? É válido quando a independência económica seja não da elite, mas de todo o povo e que esse não subjugue as outras nações e contribua para que essas também alcancem a sua liberdade.

Só assim temos o verdadeiro nacionalismo, que tantos de nós almejamos, um nacionalismo onde o povo diz aos seus líderes o que anseia e decide com os seus dirigentes eleitos o seu destino, isto é o nacionalismo e a identidade de uma verdadeira nação nacionalista

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