Toda a zona do Mediterrâneo foi identificada e catalogada pelo WWF como uma das mais importantes, a nível Europeu, como a nível Mundial, do ponto de vista ambiental, pela sua grande biodiversidade excepcional. As nossas florestas mediterrânicas são o lar de 25000 espécies de plantas, o que representa 10% das Angiospormicas em apenas 1,6% da superfície total da Terra. Estas florestas são também o lar de espécies muito emblemáticas como o lince ibérico ou a águia de Bonelli.
Portugal, no seu contexto europeu, É considerado um país muito rico e diversificado em flora e fauna. Além das espécies tipicamente atlânticas, podemos encontrar aqui um elevado número de espécies de origem mediterrânica. Possuindo para além disso, um elevado número de endemismos, assim como espécies que hoje em dia são consideradas como relíquias do ponto de vista genético e/ou biogeográfico. Mas para além da sua origem natural (Portugal encontra-se na convergência de três regiões bilhar, com influências tal e mediterrâneas) mas também os séculos de actividade humana que facultou condições ecológicas para uma evolução harmoniosa.
Actualmente, o fogo é a maior ameaça natural as florestas mediterrânicas, destruindo mais árvores que pragas, tempestades, terramotos, inundações, etc. Todos os anos mais de 50 mil fogos queimam cerca de 800 mil hectares de floresta mediterrânica única, o equivalente a 1,7% da sua área total. Todos os países mediterrânicos da União Europeia têm sido atingidos por este problema, mas em Portugal a área ardida na média anual mais que quadruplicou desde os anos 60 do século XX. Como resultado da intensificação dos fogos florestais, a capacidade dos ecossistemas mediterrânicos para recuperar naturalmente está muito reduzida, estando vastas áreas afectadas por perdas de biodiversidade, erosão do solo e escassez de água, pois o desaparecimento das florestas conduz, eventualmente, a desertificação.
Com este panorama sombrio, resta em Portugal uma (solitária) mancha florestal representativa do coberto natural da zona mediterrânica, o Parque Natural da Serra da Arrábida. Zona única a nível mundial, a Arrábida foi a primeira área a receber protecção do estado em resultado da luta contra as pedreiras, contra as estradas, contra a construção ilegal, contra tudo o que ainda hoje permanece...
Causas para os fogos florestais em Portugal
Ao contrário do que acontece noutras zonas do mundo, onde uma percentagem elevada dos fogos têm origem natural (geralmente relâmpagos), em Portugal (e nos outros países mediterrânicos) há uma predominância de fogos com origem humana. Os fogos naturais representam apenas entre 1 e 5% do total registado. Entre as causas conhecidas, a grande maioria dos fogos são involuntários (negligencia ou acidente) e directamente associados ás práticas agrícolas e silvícolas, logo com origem em habitantes locais e são muito raramente em turistas.
Espantosamente, o aumento do número de fogos florestais estão directamente relacionado com a melhoria das condições de vida das populações. As rápidas transformações económico-sociais que têm vindo a ocorrer levam a uma concentração da população nas cidades, A redução acentuada do crescimento populacional, abandono das terras aráveis e a um desinteresse pelos recursos florestais como fonte de energia. Por todos estes motivos, assiste-se a um aumento das zonas de baldio e a um desaparecimento das populações com um sentimento de responsabilidade pela floresta.
Surge, assim, uma série de situações com consequências únicas trágicas para as florestas mediterrânicas:
· perda da ligação directa entre o Homem e o seu ambiente e o desaparecimento das comunidades rurais e a falta de incentivos económicos levou á perda do conhecimento para conter os pequenos fogos florestais, que rapidamente podem sair do controlo. Pelo contrário, as antigas práticas agrícolas associadas ao pastoreio, agricultura e caça permaneceram, mas agora com resultados desastrosos devido ao aumento de biomassa seca e ao abandono rural;
· redução do valor da madeira , com o colapso da economia rural, os donos das propriedades começaram a pressionar as autoridades locais para obter licenças de urbanização, rentabilizando assim as suas terras. O fogo também permite estimular o mercado madeireiro, pois as árvores queimadas teem que ser rapidamente abatidas e podem ser vendidas a preço inferior;
· falta de compensações económicas e os donos das terras não vêem o seu papel na conservação da floresta reconhecido, tendo frequentemente que arcar com os custos adicionais de manutenção sem qualquer apoio estatal;
· turismo com o desenvolvimento do turismo de massas e do aumento de casas de ferias leva a um aumento sazonal da presença humana na floresta. Esta situação agrava-se com a construção de estradas, permitindo fácil acesso a zonas antes remotas e dificultando a vigilância.
As perdas ocasionadas pelo fogo anualmente no mundo são ingentes. Os incêndios voluntários (pirómanos) ou não, ocasionam grandes gastos tanto em recursos como em vidas humanas, e semeiam a destruição de lugares naturais que demoram muito tempo em regenerar-se.
A maioria dos .países destinam enormes somas de dinheiro a proteger-se do fogo em zonas especialmente sensíveis a ele como são as florestas, com .hidroaviões,.helicópteros, barreiras para conter incêndios e brigadas especializadas de bombeiros.
São das catástrofes naturais mais graves em .Portugal, não só pela elevada frequência com que acontecem e dimensão que alcançam, como pelos efeitos destruidores que causam. Para além dos prejuízos económicos e ambientais, podem criar uma fonte de perigo para as populações e bens. Os incêndios florestais são considerados catástrofes naturais, mais pelo facto de se desenvolverem na.natureza e por a sua possibilidade de acontecimento e características de divulgação dependerem de factores naturais, do que por serem causados por fenómenos naturais. A intervenção humana pode desempenhar um papel decisivo na sua origem e na limitação do seu desenvolvimento. A importância da acção humana nestes fenómenos diferencia os incêndios florestais das restantes catástrofes naturais.
A divulgação de um incêndio depende das condições meteorológicas (direcção e intensidade do.vento, humidade relativa do ar, temperatura), do grau de secura e do tipo do coberto vegetal,orografia do terreno, acessibilidades ao local do incêndio, prazos de intervenção (tempo entre o alerta e a primeira intervenção no ataque ao fogo), etc. Um incêndio pode propagar-se pela superfície do terreno, pelas copas das árvores e através da manta morta. Os incêndios de grandes proporções são normalmente vistos a vários quilómetros, devido aos seus fumos negros e densos.
As causas dos incêndios florestais são várias. Têm, na sua grande maioria, origem humana, quer por descuido e acidente (queimadas, queima de lixos, lançamento de foguetes, cigarros mal apagados, linhas eléctricas), quer por intenção. Os incêndios de causas naturais pertencem a uma pequena percentagem do número total de ocorrências.
A floresta tem sido ao longo dos últimos anos alvo de danos significativos quer em termos de áreas ardidas quer em destruição de espécies únicas.
Embora difícil de quantificar, os lançamentos de gases e fragmento libertados durante um incêndio, podem ser responsáveis por alguns impactos ambientais.
Uma área destruída por um incêndio florestal, quando chove com grande intensidade, pode tornar-se mais capaz e originar mais facilmente, outro tipo de riscos tais como deslizamentos e cheias. Com a destruição da camada superficial vegetal os solos ficam mais vulneráveis a fenómenos de erosão e transporte provocados pelas águas pluviais, reduzindo também a sua permeabilidade.
Para além da destruição da floresta os incêndios podem ser responsáveis por:
- Morte e ferimentos nas populações e animais (queimaduras, inalação de partículas de gases).
- Destruição de bens (casas, armazéns, postes de electricidade e comunicações etc.)
- Corte de vias de comunicação
- Alterações, por vezes de forma irreversível, do equilíbrio do meio natural
- Reprodução e difusão de pragas e doenças, quando o material ardido não é tratado
A logística florestal dá resposta a este flagelo ao planificar o espaço florestal, por meio de projectos florestais, considerando à partida quais os locais mais propícios a ocorrerem incêndios e a evita-los.
Algumas medidas preventivas a serem tomadas:
- Manter limpa uma faixa de 50m à volta de habitações, estaleiros, armazéns, oficinas ou outras edificações, nos espaços rurais.
- Manter limpa uma faixa superior a 100m à volta dos aglomerados populacionais, parques, polígonos industriais e aterros sanitários, inseridos ou confinantes com áreas florestais.
Em 2008 foi o ano em que a área ardida foi menor nos últimos 29 anos. O pior ano continua a ser o de 2003.
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