No documento, a ONU adverte que as políticas de austeridade adoptadas em vários países, principalmente na Espanha e na Grécia, ameaçam o emprego e põem em risco a recuperação das economias, agravando a crise social.
O secretário-geral adjunto da ONU para o desenvolvimento econômico, Jomo Kwame Sundaram, disse que os governos mundiais não estão conseguindo ajudar as 200 milhões de pessoas desempregadas em 2010 e que têm dificuldade em obter alimentos, por causa dos preços altos.
Segundo Sundaram, a acentuada alta dos preços dos alimentos e dos combustíveis que precedeu a crise financeira mundial fez aumentar o número de pessoas com fome no mundo para mais de 1 bilião em 2009. E a situação pode ser agravada pelas políticas de austeridade, alerta o relatório do Conselho Económico e Social da ONU, aconselhando prudência aos governos.
“As medidas de austeridade tomadas por alguns países excessivamente endividados, como a Grécia ou a Espanha, ameaçam o emprego no sector público e a despesa social como tornam a retomada mais incerta e mais frágil”, diz o documento.
“Os governos devem reagir com prudência às pressões para a consolidação orçamental e para a adopção de políticas de austeridade se não querem correr o risco de interromper a recuperação da sua economia”, acrescenta.
O relatório frisa que esse problema não diz respeito apenas às economias mais desenvolvidas, uma vez que “muitos países em desenvolvimento, nomeadamente os que se beneficiam de programas do FMI [Fundo Monetário Internacional], também sofrem pressões para reduzir a despesa pública e adoptar medidas de austeridade”.
No relatório, a ONU recomenda que os governos revejam “a natureza e os objectivos de base das condições” impostas pelas organizações internacionais para dar ajuda aos países em dificuldade.
“É essencial que os governos tenham em conta as prováveis consequências sociais das suas políticas económicas” em áreas como a nutrição, a saúde e a educação, para não penalizar o crescimento econômico a longo prazo, de acordo com o documento.
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