O CDS conseguiu aumentar o número de deputados, conseguiu crescer em eleitores em particular nos segmentos jovens e em zonas urbanas ao mesmo tempo que o PSD teve um crescimento histórico. O CDS irá de novo para o governo não de uma forma envergonhada mas sim como um activo querido e necessário. Como é que este resultado não pode ser considerado uma enorme vitória? Não foi considerada uma vitória porque os objectivos e as expectativas estavam demasiado altas, especialmente considerando que se havia uma maioria clara esta era uma maioria que queria mudar o primeiro ministro. O voto útil era inevitável. Ajustadas as expectativas fica o resultado, o CDS teve uma grande vitória.
Paulo Portas conseguiu unir uma linha de comunicação clara com mensagens simples e perfeitamente complementar à de José Sócrates. Se Passos Coelho seria incompetente e pouco preparado, a equipa de Paulo Portas era competente e preparada. Se Passos Coelho era radical e inexperiente, a equipa do CDS era ponderada e com provas dadas. Paulo Portas não foi atacado pelo PS, que via como única possibilidade de vitória o desvio de indecisos do PSD e capitalizou este estado de graça de forma exemplar. O apelo ao voto útil da recta final e a menor assertividade, para não dizer mais, como partido do mérito e do trabalho e um asserto na comunicação do principal concorrente pelos votos dos indecisos explicam um resultado que sendo muito bom poderia ter sido melhor.
O CDS vai para a negociação para a formação do governo com o PSD com uma posição forte. Uma proporção de votos de 1 para 3 com convergência quase total nos programas de governo. O programa não escrito do CDS é o da Troika. O programa do PSD é baseado na Troika. A dimensão do trabalho e a exigência do programa dará espaço para evidenciar quem for capaz de fazer cumprir, de evidenciar os competentes. Esperamos que o CDS coloque uma equipa no governo que tenha as características alardeadas por Paulo Portas nas eleições, disso dependerá o resultado do CDS nas próximas eleições que esperamos serão dentro de 4 anos.
Estas legislativas podem ter sido o fim do BE. A matemática é simples. Nos últimos anos a estrutura e origens do BE foram postas em causa pelos mais distintos militantes. Esta derrota não é de um colectivo, é acima de tudo a derrota de Francisco Louçã. Uma derrota histórica considerando a quantidade de votos de contestação e um quadro assustador para funcionários públicos e beneficiários do Estado. Francisco Louça não poderá manter a liderança do BE e o BE não poderá voltar a ser o partido sem líder.
A derrota em Coimbra, onde Pureza não foi eleito terá um peso determinante no futuro do BE. Pureza seria o sucessor natural de Louçã, garantindo a reunião do partido, tal qual ele se uniu para a sua eleição em Coimbra. Em Coimbra todos os desafectos do BE participaram na campanha. Pureza não foi eleito. Pode Pureza ser o novo líder do BE sem estar no parlamento? Pode Pureza ser levado a sério dentro do partido depois dessa derrota dentro da derrota?
O BE, que é de facto um verdadeiro saco de gatos. Poucos, velhos e belicosos gatos. Se não encontrar um líder forte e consensual que terá de ser inventado vai diluir-se em guerras que não podem acabar de outra forma que não na cisão em movimentos e partidos que lutarão nas próximas eleições para atingirem os mínimos para a subvenção estatal.
A CDU ganhou. Mas desta vez ganhou mesmo. A CDU ganhou a garantia de que vai ter muita manifestação na rua e que será o maior partido a apoiar livremente essas manifestações. O PS nem poderá liderar as manifestações, por ter de apoiar as decisões no parlamento, nem será razão de inércia por não ser o governo. O BE vai passar os próximos tempos a reformula-se, em luta interna, depois de uma derrota que pode ser o princípio do fim. Será a CDU a liderar as manifestações populares no período em que mais descontentamento para cultivar existirá desde a década de 80.
Seria talvez altura do PCP ponderar se não é hora de mudar de líder. O líder Jerónimo é perfeito para eleições tranquilas, poderá não ser perfeito para levantar os descontentes e para liderar manifestações populares. A CDU precisará de um guerreiro e não de um ancião com imagem de bonacheirão simpático. Infelizmente para o PCP, Jerónimo ganhou, como sempre.
Se o dirigentes do PCP não vissem a revolução como caminho para o poder e não as eleições, deveriam estar muito preocupado com a penetração do Socialismo/comunismo em Portugal. Este resultado que dá menos de 15% aos partidos radicais deveria preocupar. Acredito que nas elites comunistas esta deve ser a última preocupação. As eleições democráticas dizem-lhes pouco.
Ontem, não foi apenas José Sócrates a ser derrotado; o PS também perdeu, e perdeu com grande estrondo. Visto de fora, ainda hoje custa a acreditar na arrogância com que o PS insistiu em José Sócrates, depois de todo o País político, da esquerda à direita, se ter unido contra o Primeiro Ministro. E, enfim, aquele último Congresso, em Matosinhos, francamente, foi das coisas mais asquerosas que alguma vez vi. Indigno.
Assim, é com alguma expectativa que aguardo as candidaturas ao cargo de secretário-geral daquele partido. Mas, para já, os dois putativos candidatos, António José Seguro e Francisco Assis, parecem-me candidatos fracos. Sem chispa. De Seguro pouco se conhece. E de Assis fica a certeza de que, apesar de intelectualmente bem equipado, se deixou enlamear na rota demagógica, e intelectualmente desonesta, de Sócrates. Em suma, um ou outro, não retirarão o PS da penumbra actual. Ao mesmo tempo, Manuel Maria Carrilho, um excelente pensador, não reúne qualquer simpatia junto da máquina socialista, pelo que, manter-se-á como comentador televisivo. E Jaime Gama, um senador que, na minha opinião, restituiria ao PS uma aura de seriedade e sentido de Estado, também já só tem olhos para Belém.
Deste modo, estou convicto de que ainda surgirá uma alternativa do quadrante, agora demissionário, de Sócrates. António Vitorino já afirmou que apoia António Costa, o eterno candidato, mas parece-me que Costa acabará, em última instância, por se resguardar. Assim, em teoria, inclinar-me-ia mais para Vieira da Silva que, representando um piscar de olhos à ala esquerda do partido, permitiria ao PS associar-se aos embates sociais que se adivinham em face da agenda liberal de Pedro Passos Coelho. Mas também não acredito que Vieira da Silva se meta ao barulho; o próximo líder terá de ir para o meio da malta e o até agora ministro da Economia já não tem cabedal para isso. Por isso, venha daí um jovem turco…
Se existe um grande vencedor nestas eleições esse vencedor foi Passos Coelho.
Conseguiu ter uma maioria muito confortável em uma vitória apenas comparável com a de Durão Barroso. Não se tratou de uma re-eleição como nos casos das vitórias folgadas de Cavaco Silva. Mesmo Durão Barroso, não tendo sido re-eleito, concorreu contra um líder do PS que não buscava a re-eleição. Isto em um país centralista de gentes criadas e nutridas no respeito à autoridade do líder que se confunde com o País é muito, muito mesmo.
Uma vitória valorizada por ter aberto o flanco de uma forma que em vários momentos pareceu suicida, apresentando medidas muito concretas em vez dos tradicionais consensuais e vagos “objectivos” que enchem programas e manifestos eleitorais. Um flanco aberto que agora pode ser capitalizado na governação, exactamente por ter sido discutido na campanha. O programa está lá e foi discutido, pode-se mesmo dizer que foi o único programa discutido. Não só ficou claro que o acordado com FMI/BCE/CE seria para cumprir como ainda seria para ir mais longe. Se o PSD não cumprir com um plano que será duro para uma maioria de minorias muito vocais não será por ter escondido as medidas que lá estavam, não será por ter escondido o que ia fazer.
Internamente conseguiu reunir quase todo o partido com excepção do núcleo duro da anterior liderança de Manuela Ferreira Leite. Esta terá sido uma razão para o sucesso final, foram os ex-presidentes do PSD os vários crivos que ajudaram os indecisos a confiar em Passos Coelho. Este “quase” poderá ser crítico na governação. Se existe alguém que lhe poderá dificultar a vida nos próximos 4 anos será um dos mais indiscutíveis apoiantes e apoiados de Ferreira Leite, o Cavaco Silva. A vida ser-lhe-á mais fácil se (1) escolher um ministro das Finanças do agrado do Presidente da República e se (2) tiver atenção à agenda conservadora/cristã, concretamente no apoio fiscal à família e no papel das instituições ligadas à Igreja na Educação, Saúde e Segurança. Social. Será um equilíbrio difícil dadas as exigências de tantos outros grupos de pressão e dos cortes necessários no orçamento. Estará de qualquer forma longe do objectivo de Sá Carneiro. Em outro país este Presidente e este Primeiro Ministro seriam de partidos diferentes.
A primeira grande prova será a formação do governo. Este governo terá de ser o mais forte de sempre em Portugal. Politicamente e tecnicamente. A pressão dos notáveis de Portugal tem sido tremenda. Nunca foi dado tanto ênfase à necessidade de servir Portugal, da necessidade de contribuir para a saída do buraco em que estamos. Dificilmente alguém se negará a participar em um governo que será de salvação nacional. Fica o ónus em Passos Coelho, não terá a desculpa de falta de disponibilidade dos melhores para se rodear de amigos e de credores.
Se existem poucas dúvidas que o entendimento será fácil com o CDS, com um líder que já mostrou ser leal ao PSD no passado, restam dúvidas sobre qual será a relação do governo com o PS. O pior que pode acontecer ao PSD será que seja eleito como secretário geral do PS um líder que não esteja comprometido com o acordo assinado pelo governo de Sócrates. Um líder não comprometido, mesmo que formalmente cumpra o acordado, limitará ao mínimo o entendimento e dificultará tanto na Assembleia como na Rua a implementação de medidas que poderão de ter de ser suportadas por alterações à Constituição da República. A reunião pré-eleitoral com Mário Soares afasta o pior cenário mas até que saia fumo branco da chaminé do Largo do Rato…
Tendo sido uma grande vitória, atrevo-me a dizer que uma parte substancial dos eleitores que votaram no PSD estão contentes por esta não ter sido maior. Muitos que votaram PSD estarão satisfeitos por o PSD ter de formar uma maioria mais alargada com o CDS, ao que se juntam todos os votaram na equipa do CDS como contraponto e mais valia no futuro governo que se regerá fundamentalmente pelo programa do PSD que por sua vez se enquadrou no acordado com a famosa Troika.
Mas sejamos justos e digamos as verdades, quem foi o justo vencedor foi a abstenção 41%, e isto quer dizer que os portugueses estão desiludidos com os políticos e com os partidos.
Mas também os portugueses não conseguiram ouvir as propostas dos pequenos partidos, visto o sistema estar preparado para os silenciar e isto de alguma forma tem que terminar.
Esperei que viesse a haver uma voz discordante, não apareceu, é pena.
Paulo Portas conseguiu unir uma linha de comunicação clara com mensagens simples e perfeitamente complementar à de José Sócrates. Se Passos Coelho seria incompetente e pouco preparado, a equipa de Paulo Portas era competente e preparada. Se Passos Coelho era radical e inexperiente, a equipa do CDS era ponderada e com provas dadas. Paulo Portas não foi atacado pelo PS, que via como única possibilidade de vitória o desvio de indecisos do PSD e capitalizou este estado de graça de forma exemplar. O apelo ao voto útil da recta final e a menor assertividade, para não dizer mais, como partido do mérito e do trabalho e um asserto na comunicação do principal concorrente pelos votos dos indecisos explicam um resultado que sendo muito bom poderia ter sido melhor.
O CDS vai para a negociação para a formação do governo com o PSD com uma posição forte. Uma proporção de votos de 1 para 3 com convergência quase total nos programas de governo. O programa não escrito do CDS é o da Troika. O programa do PSD é baseado na Troika. A dimensão do trabalho e a exigência do programa dará espaço para evidenciar quem for capaz de fazer cumprir, de evidenciar os competentes. Esperamos que o CDS coloque uma equipa no governo que tenha as características alardeadas por Paulo Portas nas eleições, disso dependerá o resultado do CDS nas próximas eleições que esperamos serão dentro de 4 anos.
Estas legislativas podem ter sido o fim do BE. A matemática é simples. Nos últimos anos a estrutura e origens do BE foram postas em causa pelos mais distintos militantes. Esta derrota não é de um colectivo, é acima de tudo a derrota de Francisco Louçã. Uma derrota histórica considerando a quantidade de votos de contestação e um quadro assustador para funcionários públicos e beneficiários do Estado. Francisco Louça não poderá manter a liderança do BE e o BE não poderá voltar a ser o partido sem líder.
A derrota em Coimbra, onde Pureza não foi eleito terá um peso determinante no futuro do BE. Pureza seria o sucessor natural de Louçã, garantindo a reunião do partido, tal qual ele se uniu para a sua eleição em Coimbra. Em Coimbra todos os desafectos do BE participaram na campanha. Pureza não foi eleito. Pode Pureza ser o novo líder do BE sem estar no parlamento? Pode Pureza ser levado a sério dentro do partido depois dessa derrota dentro da derrota?
O BE, que é de facto um verdadeiro saco de gatos. Poucos, velhos e belicosos gatos. Se não encontrar um líder forte e consensual que terá de ser inventado vai diluir-se em guerras que não podem acabar de outra forma que não na cisão em movimentos e partidos que lutarão nas próximas eleições para atingirem os mínimos para a subvenção estatal.
A CDU ganhou. Mas desta vez ganhou mesmo. A CDU ganhou a garantia de que vai ter muita manifestação na rua e que será o maior partido a apoiar livremente essas manifestações. O PS nem poderá liderar as manifestações, por ter de apoiar as decisões no parlamento, nem será razão de inércia por não ser o governo. O BE vai passar os próximos tempos a reformula-se, em luta interna, depois de uma derrota que pode ser o princípio do fim. Será a CDU a liderar as manifestações populares no período em que mais descontentamento para cultivar existirá desde a década de 80.
Seria talvez altura do PCP ponderar se não é hora de mudar de líder. O líder Jerónimo é perfeito para eleições tranquilas, poderá não ser perfeito para levantar os descontentes e para liderar manifestações populares. A CDU precisará de um guerreiro e não de um ancião com imagem de bonacheirão simpático. Infelizmente para o PCP, Jerónimo ganhou, como sempre.
Se o dirigentes do PCP não vissem a revolução como caminho para o poder e não as eleições, deveriam estar muito preocupado com a penetração do Socialismo/comunismo em Portugal. Este resultado que dá menos de 15% aos partidos radicais deveria preocupar. Acredito que nas elites comunistas esta deve ser a última preocupação. As eleições democráticas dizem-lhes pouco.
Ontem, não foi apenas José Sócrates a ser derrotado; o PS também perdeu, e perdeu com grande estrondo. Visto de fora, ainda hoje custa a acreditar na arrogância com que o PS insistiu em José Sócrates, depois de todo o País político, da esquerda à direita, se ter unido contra o Primeiro Ministro. E, enfim, aquele último Congresso, em Matosinhos, francamente, foi das coisas mais asquerosas que alguma vez vi. Indigno.
Assim, é com alguma expectativa que aguardo as candidaturas ao cargo de secretário-geral daquele partido. Mas, para já, os dois putativos candidatos, António José Seguro e Francisco Assis, parecem-me candidatos fracos. Sem chispa. De Seguro pouco se conhece. E de Assis fica a certeza de que, apesar de intelectualmente bem equipado, se deixou enlamear na rota demagógica, e intelectualmente desonesta, de Sócrates. Em suma, um ou outro, não retirarão o PS da penumbra actual. Ao mesmo tempo, Manuel Maria Carrilho, um excelente pensador, não reúne qualquer simpatia junto da máquina socialista, pelo que, manter-se-á como comentador televisivo. E Jaime Gama, um senador que, na minha opinião, restituiria ao PS uma aura de seriedade e sentido de Estado, também já só tem olhos para Belém.
Deste modo, estou convicto de que ainda surgirá uma alternativa do quadrante, agora demissionário, de Sócrates. António Vitorino já afirmou que apoia António Costa, o eterno candidato, mas parece-me que Costa acabará, em última instância, por se resguardar. Assim, em teoria, inclinar-me-ia mais para Vieira da Silva que, representando um piscar de olhos à ala esquerda do partido, permitiria ao PS associar-se aos embates sociais que se adivinham em face da agenda liberal de Pedro Passos Coelho. Mas também não acredito que Vieira da Silva se meta ao barulho; o próximo líder terá de ir para o meio da malta e o até agora ministro da Economia já não tem cabedal para isso. Por isso, venha daí um jovem turco…
Se existe um grande vencedor nestas eleições esse vencedor foi Passos Coelho.
Conseguiu ter uma maioria muito confortável em uma vitória apenas comparável com a de Durão Barroso. Não se tratou de uma re-eleição como nos casos das vitórias folgadas de Cavaco Silva. Mesmo Durão Barroso, não tendo sido re-eleito, concorreu contra um líder do PS que não buscava a re-eleição. Isto em um país centralista de gentes criadas e nutridas no respeito à autoridade do líder que se confunde com o País é muito, muito mesmo.
Uma vitória valorizada por ter aberto o flanco de uma forma que em vários momentos pareceu suicida, apresentando medidas muito concretas em vez dos tradicionais consensuais e vagos “objectivos” que enchem programas e manifestos eleitorais. Um flanco aberto que agora pode ser capitalizado na governação, exactamente por ter sido discutido na campanha. O programa está lá e foi discutido, pode-se mesmo dizer que foi o único programa discutido. Não só ficou claro que o acordado com FMI/BCE/CE seria para cumprir como ainda seria para ir mais longe. Se o PSD não cumprir com um plano que será duro para uma maioria de minorias muito vocais não será por ter escondido as medidas que lá estavam, não será por ter escondido o que ia fazer.
Internamente conseguiu reunir quase todo o partido com excepção do núcleo duro da anterior liderança de Manuela Ferreira Leite. Esta terá sido uma razão para o sucesso final, foram os ex-presidentes do PSD os vários crivos que ajudaram os indecisos a confiar em Passos Coelho. Este “quase” poderá ser crítico na governação. Se existe alguém que lhe poderá dificultar a vida nos próximos 4 anos será um dos mais indiscutíveis apoiantes e apoiados de Ferreira Leite, o Cavaco Silva. A vida ser-lhe-á mais fácil se (1) escolher um ministro das Finanças do agrado do Presidente da República e se (2) tiver atenção à agenda conservadora/cristã, concretamente no apoio fiscal à família e no papel das instituições ligadas à Igreja na Educação, Saúde e Segurança. Social. Será um equilíbrio difícil dadas as exigências de tantos outros grupos de pressão e dos cortes necessários no orçamento. Estará de qualquer forma longe do objectivo de Sá Carneiro. Em outro país este Presidente e este Primeiro Ministro seriam de partidos diferentes.
A primeira grande prova será a formação do governo. Este governo terá de ser o mais forte de sempre em Portugal. Politicamente e tecnicamente. A pressão dos notáveis de Portugal tem sido tremenda. Nunca foi dado tanto ênfase à necessidade de servir Portugal, da necessidade de contribuir para a saída do buraco em que estamos. Dificilmente alguém se negará a participar em um governo que será de salvação nacional. Fica o ónus em Passos Coelho, não terá a desculpa de falta de disponibilidade dos melhores para se rodear de amigos e de credores.
Se existem poucas dúvidas que o entendimento será fácil com o CDS, com um líder que já mostrou ser leal ao PSD no passado, restam dúvidas sobre qual será a relação do governo com o PS. O pior que pode acontecer ao PSD será que seja eleito como secretário geral do PS um líder que não esteja comprometido com o acordo assinado pelo governo de Sócrates. Um líder não comprometido, mesmo que formalmente cumpra o acordado, limitará ao mínimo o entendimento e dificultará tanto na Assembleia como na Rua a implementação de medidas que poderão de ter de ser suportadas por alterações à Constituição da República. A reunião pré-eleitoral com Mário Soares afasta o pior cenário mas até que saia fumo branco da chaminé do Largo do Rato…
Tendo sido uma grande vitória, atrevo-me a dizer que uma parte substancial dos eleitores que votaram no PSD estão contentes por esta não ter sido maior. Muitos que votaram PSD estarão satisfeitos por o PSD ter de formar uma maioria mais alargada com o CDS, ao que se juntam todos os votaram na equipa do CDS como contraponto e mais valia no futuro governo que se regerá fundamentalmente pelo programa do PSD que por sua vez se enquadrou no acordado com a famosa Troika.
Mas sejamos justos e digamos as verdades, quem foi o justo vencedor foi a abstenção 41%, e isto quer dizer que os portugueses estão desiludidos com os políticos e com os partidos.
Mas também os portugueses não conseguiram ouvir as propostas dos pequenos partidos, visto o sistema estar preparado para os silenciar e isto de alguma forma tem que terminar.
Esperei que viesse a haver uma voz discordante, não apareceu, é pena.
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