PORTUGAL GLORIOSA PATRIA DOS LUSITANOS

PORTUGAL GLORIOSA PATRIA DOS LUSITANOS
LUSITANOS LEVANTAI DE NOVO O ESPLENDOR DE PORTUGAL

terça-feira, 10 de abril de 2012

 Miguel Relvas ...
"Convém ouvirmos todas as partes e depois fazermos as nossas escolhas."

Este argumento já tem sido glosado por outros imbecis do mesmo jaez.
Mas este Relvas ultrapassa todas as marcas.
Neste caso como noutros.
De facto, comparar Portugal com os outros países é querer comparar o incomparável.
É a mesma coisa que o Sr. Mexia, administrador da EDP e que em 3 anos recebeu prémios de 40 milhões de euros pelos excelentes resultados que a "sua" empresa conseguiu.
Claro, sendo administrador de uma empresa monopolista, sem quaisquer preocupações sociais, é fácil obter resultados bons. Basta aumentar o tarifário como anualmente tem feito.
Pois esse senhor também veio uma vez para a televisão dizer que a electricidade em Inglaterra, na Alemanha e na França era mais cara que em Portugal. Não esclarecendo que as coisas não se comparam assim.
É preciso comparar é o esforço financeiro, em face do rendimento, de um português e de um inglês, de um alemão e de um francês e depois comparar:
Veja-se o valor médio de electricidade que cada um paga em função do seu rendimento médio:
- Um português paga de electricidade 10% do seu rendimento médio
- Um inglês paga 3,2%
- Um alemão paga 2,8 %
- Um francês paga 3,1 %
Mas estes senhores sabem isto ainda melhor do que nós. Mas querem fazer de nós parvos.
Só à chapada. Já lá não vai de outra forma.
Miguel Relvas - Um Perfeito imbecil...

Um perfeito imbecil 


http://aventadores.files.wordpress.com/2011/10/relvas.jpg?w=371&h=265 
Miguel Relvas, o verdadeiro primeiro-ministro do governo do senhor Coelho, em entrevista à TVI, deu a entender que o corte dos subsídios de Natal e de férias pode ser estendido ao sector privado e vigorar, não por dois anos, mas para sempre. Adiantou que "muitos países da União Europeia só têm doze vencimentos", e deu como exemplo a Holanda, a Inglaterra e a Noruega.
É de gente deste jaez que o governo da nação é servido. Não sabem do que falam, não sabem do que tratam, mas decidem. Sempre a favor dos negócios que os lá levaram, mesmo que isso signifique deixar os seus concidadãos na maior das misérias.

terça-feira, 3 de abril de 2012

 Nacionalismo, Democracia, Autoridade e unidade social

O Nacionalismo não é nem nunca será uma ideologia. Quem assim pensa está longe de compreender o Verdadeiro sentido Nacionalista.

O Nacionalismo torna-se a “força” do povo e da Nação.

É no Nacionalismo que sentimos uma liberdade concreta e eficaz, onde podemos , de facto, expressar e pensar livremente, onde os Valores são mantidos, não porque a “força humana” deseja mas porque a “natureza” quer. O Nacionalismo abrange tudo e todos porque a Nação é de todos e não, só, de alguns.
Cada Nação e Continente tem uma identidade própria que deve preservar, conservar e valorizar o que lhe pertence. Só assim poderá haver uma evolução eficaz do povo e da Nação.
Sem essa identidade, tudo o que vier a seguir, é relativo e a própria evolução torna-se destrutiva, sem nada concreto e realista.

Muito temos que criticar negativamente as “vozes dominantes” que consideram o Nacionalismo como Extrema-Direita.
Ser Nacionalista nem é de Direita nem de Esquerda, o quanto mais é do Povo e para o Povo, mantendo o tudo seja da Nação, mesmo que isso implique criar inimigos.

O nacionalismo não agrada a “gregos e troianos” mas ao Povo.
É bom falar de Democracia mas mais bonito se torna quando praticamos com disciplina e ordem.
Há duas formas de Democracia: a ordenada e a destrutiva.
Uma evolução da Democracia é uma evolução para a destruição pois nenhum indivíduo pode evoluir uma instituição que em si já está ordenada e implementada.
A Democracia, por si, não chega a lado nenhum. Ela (Democracia) precisará da Autoridade (Líder) para uma boa organização Social e Política.
Como nos deparamos, em pleno século XXI, criação de Votos e mais Votos e “manipulando” o Povo nos próprios Votos.

É triste e lamentável saber que as “vozes dominantes” continuam a ser “pagas” por um Sistema que em si já não existe. Apenas tenta fazer crer que continua vivo.
Qualquer Voto deve ser pensado e “disciplinado” e não “criar” Votos por ideias modernas e individualistas.

O Povo, que tanto amamos e queremos todo o seu bem, deve ter uma participação directa e eficaz a nível Local (conselho) pois é lá que está inserido e conhece de perto os seus problemas. Tudo o resto pertence á Autoridade, isto é: ao Líder.
Há determinadas competências que não compete a nós, mas ao Líder.
O Povo, nessas mesmas competências, intervêm indirectamente, pois continuará a estar atento há Vida Política e Social.

O problema não está na Democracia mas na forma como implementamos, que pode ser boa ou “cair” na destruição de si e de todos.
Os Partidos podem ser bons mas como nos deparamos em numerosos Partidos e Movimentos que nada fazem. Apenas afirmam que “isto é Democracia!”.
Qualquer Partido tem que estar ao serviço da Sociedade e o povo deve ser ensinado para um bom serviço, bons Valores, boa educação e boa formação intelectual. Para tal é necessário um líder, de uma “força” superior que nos oriente e encaminhe para o bem social e político.

De facto, leva-nos a crer que só o Nacionalismo pode “levantar” o Povo de toda a podridão existente no Mundo actual.
A Sociedade é uma só que deve lutar com o mesmo objectivo: A Pátria.
As Classes Sociais existem mas isso não significa haver desigualdades Sociais, pois a pobreza existe devido há riqueza excessiva.
Será que um Empresário, Engenheiro, etc, deverá ganhar aquele ordenado que tu e eu sabemos?
Todos devemos ter um ordenado justo mas a “justiça” deve ser de todos e não, só, de alguns.

Só poderemos falar de Justiça quando, de facto, a praticar-mos com o devido valor e respeito de cada indivíduo. Caso contrário a Justiça não passa de algo meramente humano, que caminha á força dos homens.

O Nacionalismo torna-se o verdadeiro sentido de uma Nação e a verdadeira Democracia está numa Autoridade (Líder) eficaz onde se sinta de perto a unidade e sentido Nacional.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Os governos ricos deixam os países do Leste entregues à própria sorte e abrem a porta para um recrudescimento da crise. Criadas no auge do neoliberalismo, as instituições europeias parecem hostis a outras políticas e podem converter o continente num obstáculo à busca de saídas globais
A paralisia da União Europeia (UE) pode ter aberto, no início do mês, um novo veio para o alastramento da crise mundial. Em 1º de Março, os chefes de governo dos 27 países-membros reuniram-se em Bruxelas, num encontro convocado às pressas, para examinar os dramas provocados pela crise económica no centro e leste do continente — a área conhecida como CEE em inglês.
A exemplo da Letónia, Lituânia, Estónia, Hungria e Roménia podem viver em breve insolvência financeira, dramas sociais e turbulências políticas. A Ucrânia — fora da UE mas em sua área de influência — está à beira de uma explosão. Mesmo em países com situação menos delicada (Polónia e República Checa, por exemplo), o alto endividamento da população em moeda estrangeira pode se converter rapidamente numa vulnerabilidade grave, caso a região derrape. Qualquer um destes acidentes contaminaria o conjunto Europa, tornando ainda mais profunda a crise, e mais intrincada a busca de uma saída.
Não faltaram, na reunião de 1º/3, alternativas concretas para enfrentar os problemas. A partir de um estudo sobre a fuga de capitais e o fechamento das linhas de crédito, desencadeados pelos bancos ocidentais, os governos da Hungria e Polónia sugeriram um “Programa Europeu de Estabilização e Integração”. Calculam que com 180 biliões de euros, emprestados pelos governos mais fortes, seria possível restabelecer a tranquilidade nos dez países que faziam parte do bloco soviético e hoje estão integrado à União Europeia. Está longe de ser um exagero. Os números são inferiores às estimativas do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento [que fala em 240 a 280 biliões de euros, para recapitalizar a região]. E o valor solicitado equivale a apenas 5,6% do total de garantias já oferecidas pelos países ricos da UE contra a quebra de suas próprias instituições financeiras.
A reacção, porém foi fria. A chanceler alemã, Ângela Merkel, comandou a oposição à proposta. Nos corredores, alegou-se que salvar os países do Leste seria incentivar a suposta irresponsabilidade fiscal de seus dirigentes. Mas evitaram-se menções ao comportamento dos bancos ocidentais, que criaram uma bolha de liquidez e consumo (e lucraram com ela…). Houve troca de farpas. O checo Mirek Topolanek (cujo país exerce a presidência rotativa da UE) alfinetou o francês Nicolas Sarkozy. Taxou como “proteccionista” sua proposta de salvar os fabricantes de automóveis franceses, desde que produzam no próprio país (e não na República Checa, para onde transferiram parte das linhas de montagem), O documento final é pífio. Afirma retoricamente que “nenhum país europeu cairá fora do barco”, sem nada propor de real. Repete um cliché já desmentido pelas evidências: sustenta que as dificuldades actuais serão resolvidas com “a livre circulação de mercadorias, pessoas e capitais” no interior do bloco
A hesitação da Europa custará provavelmente caro, em vários terrenos. Nada indica que a CEE possa sair da crise espontaneamente. A hemorragia de capitais prossegue. Até mesmo a solução tradicionalmente oferecida aos países atingidos – recorrer ao FMI e a seus remédios amargos – está se revelando inviável. Em Fevereiro, o Fundo foi incapaz de chegar a um acordo com o governo ucraniano, conhecido por seu apoio incondicional ao Ocidente. As condições exigidas levariam o presidente Viktor Yushchenko a uma derrota quase nas certa eleições de Janeiro de 2010, e ele preferiu salvar a própria pele.

Há vinte anos, o esfacelamento da zona de influência soviética desencadeou uma sucessão de guerras civis sangrentas na antiga Jugoslávia. No cenário actual, um dos efeitos temidos é o ressurgimento do extremismo e do poder enorme que o grande capital está a ganhar...

Os riscos de são enormes. Bancos europeus-ocidentais dominaram, a partir da queda dos regimes comunistas, o setor financeiro na CEE. Obtiveram ganhos fartos, mas assumiram enormes riscos: o valor total de seus empréstimos ao leste europeu sobe a 1,5 trilião de dólares – ou todo o PIB do Brasil. Alguns países estão ainda mais comprometidos. Segundo um interessante publicado pelo Financial Times a exposição dos bancos da Áustria equivale a 55,6% do PIB de seu país. Os percentuais também são explosivos na Bélgica (23%) e Suécia (21,4%); e bastante elevados na Holanda (10,9%), Itália (7,3%), França (4,8%) e Alemanha (4,6%). Uma onda de inadimplência poderia se transformar num factor de desestabilização comparável ao da quebra do mercado de subprimes norte-americano.
Os riscos político também são graves. Além dos governos da região, estão em jogo a frágil estabilidade de uma área geopolítica marcada por conflitos e, em última instância, o próprio equilíbrio de forças que sustenta a União Europeia.  A crise já derrubou o gabinete na Letónia (em 20/2). Está engendrando protestos crescentes na Ucrânia (há cerco da capital por agricultores, e 57% dos eleitores defendem a renúncia do presidente), Hungria (onde o governo de minoria, liderado pelo Partido Socialista, está por um fio), Lituânia e Roménia. Como toda a CEE tem sistemas políticos e quadros partidários frágeis, não é preciso muito para que outros dirigentes balancem ou sucumbam.
Mas a frustração das sociedades não se volta apenas contra seus governantes: Há também, no ar, o sentimento de que a região é vítima de uma grande injustiça – cujos responsáveis seriam o Ocidente, a Europa rica e o FMI. Em todos os países, a transição ao capitalismo foi marcada por grande sofrimento e desconforto. Houve aumento de desemprego e exclusão social; quebra de sistemas públicos e relativamente eficientes de Previdência, Saúde e Educação; aumento generalizado da desigualdade. Os sacrifícios eram justificados como o preço a pagar pela prosperidade e pela democracia ocidental.
A última década foi, de fato, marcada pela melhora das condições de vida e, em especial, pela introdução de hábitos de consumo semelhantes aos da Europa rica. Ainda assim, a desigualdade nunca foi enfrentada a sério. Um estudo divulgado em Fevereiro pelo Eurostat, o centro de estatísticas da União Europeia, revelou que o PIB por habitante da região de Londres é treze vezes maior que o do Nordeste da Roménia. Todas as vinte regiões mais pobres estão situadas em países do Leste. Os sinais de que a festa fugaz de consumo dos anos recentes está chegando ao fim geram um clima de graves tensões. Atitudes como a dos chefes de governo ocidentais, na reunião de 1º de Março, certamente as tornam mais agudas.
O risco é que, à falta de projectos políticos claros, a revolta converta-se em ressentimentos xenofóbicos contra os diferentes, ou em novos conflitos envolvendo nacionalidades, etnias ou religiões. Há vinte anos, o esfacelamento da zona de influência soviética desencadeou uma sucessão de guerras civis sangrentas na antiga Jugoslávia. No cenário actual, um dos efeitos temidos é o ressurgimento do que acima citamos.
Uma deterioração do cenário económico, social e política na área da CEE provocaria, por fim, estremecimentos entre os próprios membros ocidentais da União Europeia. Países como Irlanda e Grécia estão em situação próxima à das economias centrais e orientais. Acumulam deficits externos expressivos, já mergulharam em recessão grave e estão sujeitos a crises cambiais abruptas. Num mundo de mercados financeiros interligados, suas economias serão vistas como “bola da vez”, caso um terremoto a leste desencadeie um movimento de corrida dos capitais em relação a praças tidas como mais seguras.

É como se as políticas neoliberais tivessem sido blindadas para sempre, restando aos cidadãos europeus, no terreno institucional, o exercício pouco prazeroso de escolher governantes e parlamentares que executarão invariavelmente o mesmo projecto…

O agravante é que o euro, nestes casos, funciona como factor de estabilidade, – mas também… como prisão. Os governos irlandês e belga, assim como todos os outros que adoptam a moeda comum do continente, estão impedidos de adoptar políticas que poderiam amenizar a crise. Não podem, por razões óbvias, desvalorizar a moeda, nem emiti-la segundo sua vontade. Por estarem submetidos às directrizes do Banco Central Europeu, também perderam o poder de estimular sua economia por meio de medidas que produzem deficits fiscais. Em tese, a União Europeia poderia apoiá-los. Mas como fazê-lo, depois de ter negado amparo a outros membros? E como Irlanda e Grécia reagirão, se forem abandonadas à própria sorte? Lembre-se que, ao rejeitar o Tratado Constitucional europeu, em Junho de 2008, o eleitorado irlandês emitiu um primeiro sinal de descontentamento em relação ao bloco.
Os riscos a que a UE se expõe são tão vastos, e tão temíveis, que uma questão maior, inevitável, se impõe: por que os governantes europeus agem de forma aparentemente tão apática ou obtusa? O economista Ignacy Sachs, cujos estudos sobre desenvolvimento e sustentabilidade têm repercussão e reconhecimento internacionais, tem uma hipótese. Ele julga que a União Europeia está engessada por sua própria armação institucional Construída em grande medida nos anos de apogeu do neoliberalismo, esta estrutura teria gravados em si os preconceitos da época, e tenderia a multiplicá-los incessantemente.
Ignacy aponta exemplos. Ao contrário do Federal Reserve norte-americano, que tem como objectivos  a busca do desenvolvimento, a geração de empregos e o controle da inflação, o Banco Central Europeu persegue apenas esta última meta – a que mais interessa aos grandes investidores. O mesmo viés prevalece na infinidade de tratados entre os Estados-membros, políticas comuns e directivas que determinam as políticas do bloco. Eles “liberaram” a actividade das grandes empresas e instituições financeiras dos controles públicos – porque apostaram na “auto-regulação dos mercados”. Estimularam ou impuseram privatizações, reduzindo o papel dos serviços públicos. Promoveram a competição como motor da produção de riquezas economia, desprezando a colaboração.
Tais tendências não são, é claro, exclusivas do Velho Continente: elas se espalharam pelo mundo, nas três últimas décadas. A particularidade europeia é que estas políticas foram instituídas – e tornaram-se obrigatórias nos Estados-membros – sem que se criassem, ao mesmo tempo, instrumentos democráticos capazes de questioná-las ou alterá-las. Embora eleito por voto directo, o Parlamento Europeu está destituído de dois poderes fundamentais: o de legislar por iniciativa própria (ele apenas referenda propostas) e o de controlar o Executivo. Já a Comissão Europeia, que cumpre o papel de Executivo do bloco, não é escolhida nem em eleições, nem pelo Parlamento – e, sim, composta por um representante de cada Estado-membro.

Saltar da ideia de anti-Europa para a de Outra Europa pode ser um desafio tão duro quanto apaixonante. Os movimentos europeus cruzarão a ponte? Saberemos a partir das próximas semanas

O próprio orçamento da União Europeia é irrisório. São cerca de 120 biliões de euros-ano – seis vezes menor que o da França ou Reino Unido –, o que reduz ainda mais a capacidade de acção estatal para corrigir desigualdades, controlar os mercados ou exercer o planejamento. Os governos e legislativos nacionais conservam, no interior de suas fronteiras, boa parte do poder. Mas não podem contrariar os tratados, políticas comuns e directivas europeias; nem têm canais para propor sua alteração. Nos EUA, Barack Obama pode propor, contra a crise, um enorme programa de investimentos públicos. Ainda que tivesse a mesma vontade política, nenhum governante europeu poderia fazer o mesmo. Esta realidade quase - kafkiana conduz, é claro, à inércia e ao esvaziamento da democracia. É como se as políticas neoliberais tivessem sido blindadas para sempre, restando aos cidadãos europeus, no terreno institucional, o exercício pouco prazeroso de escolher os governantes e parlamentares que executarão invariavelmente o mesmo projecto…
A crise é uma enorme oportunidade para rasgar esta camisa de força. Ela deixará clara o autismo de um sistema político voltado para si mesmo, impermeável à pulsação da sociedade. Dos governos europeus, todos nascidos num ambiente de impotência e conformismo, pouco se pode esperar. Dos movimentos sociais, sim. Em anos recentes, a Europa foi palco de mobilizações populares muito significativas – como as marchas gigantescas que denunciaram a guerra do Iraque já em 2003, e  ajudaram a isolar o governo Bush. Em quase todos países a sociedade civil é articulada e activa. Para o período entre 28 de marco e 2 de Fevereiro, quando o G20 se reunirá em Londres, esperam-se grandes manifestações, não apenas na Inglaterra.
Provavelmente, será preciso passar do protesto à alternativa – o que requer alguns passos corajosos. Ao longo de décadas, a construção da Europa foi vista pelas esquerdas como um tabu, um processo que necessariamente reforçaria o capitalismo, e cujo sentido era impossível alterar. Esta atitude de desistência – num cenário caracterizado por intensa actividade das forças sociais e políticas partidárias do fundamentalismo de mercado – agravou, é claro, as piores características da UE.
O cenário actual convida a superar esta ausência. Saltar da ideia de anti-Europa para a de Outra Europa pode ser um desafio tão duro quanto apaixonante. Significaria imaginar políticas capazes de inverter os rumos do bloco econômico mais rico do planeta. Permitiria construir políticas públicas a partir de atitudes muito positivas já cultivadas por uma parte relevante da opinião pública europeia – por exemplo, a cultura de paz, o consumo responsável, o comércio justo, o apoio à agricultura orgânica e uma urbanização menos árida. Convidaria a pensar a universalização de conquistas sociais das quais o continente é berço – como o salário-desemprego, a renda cidadã, a redução da jornada de trabalho, a Saúde e Educação públicas. Abriria espaço para reexaminar o papel internacional do euro e propor um sistema monetário e financeiro voltado para a redução das desigualdades. Instigaria a inventar novas formas de democracia, inclusive as que vêem o espaço público com algo muito mais vasto que os Estados. Provocaria a busca de novos papéis para as forças armadas e a própria OTAN.
Os movimentos europeus cruzarão a ponte? Saberemos a partir das próximas semanas.

CCP-CBT
A ISLÂNDIA, DÁ QUE PENSAR!...

Após sério colapso financeiro, população toma as rédeas da política e demonstra que organização social é a melhor alternativa à crise do neoliberalismo
Há não mais que dez anos um governo conservador, composto por banqueiros em maioria, decidiu transformar radicalmente a economia da Islândia. Da tradicional ilha pesqueira, aumentaram suas expectativas de crescimento formando ali algo como um enorme fundo de investimentos. Em pouco tempo, internacionalizaram bancos e os tornaram independentes da economia real.
Após anos de boom econômico e muito capital volátil, o ano de 2008 representou uma ameaça para a Islândia e seu sistema financeiro. Não somente por uma crise que já se anunciava, mas como muitos analisam, pela falta de experiência e controle dos mecanismos bancários.
Então, assim que caíram os muros de Wall Street, em Outubro de 2008 a Islândia foi o primeiro país a quebrar com a crise. Em desespero, o governo neoliberal tomou controle dos três maiores bancos do país para tentar estabilizar a economia. Sem maiores resultados, semanas depois entraram para a história como o primeiro país do Norte a precisar da ajuda do FMI. Receberam 2,1 biliões de dólares do fundo que, por sua vez, passou a a intervir na economia do país.
A população reagiu e não demorou muito para que manifestações tomassem as ruas de Reikjavick, a capital. A presença do Partido Conservador na directoria do Banco Central foi motivo de revolta. Eles haviam deixado a Islândia – que não devia nada a ninguém – com uma dívida que já ultrapassa seu PIB anual.
Como deixar nas mãos de irresponsáveis um resgate que será pago por sabe-se lá quantas gerações de islandeses? Por fim, a mobilização social conseguiu depor o governo. No dia 26 de Janeiro, o então primeiro-ministro Geir Haarde entregou seu cargo ao governo provisório de Johanna Sigurdardottir, uma coligação da esquerda com o Partido Verde, a esperança em tons de verde e vermelho.
Pela primeira vez uma mulher homossexual governa uma nação, até pelo menos as eleições que acontecerão em maio desse ano. Embora seus planos de resgate não tenham sido anunciados, comenta-se que a solução de emergência considerada incluiria o país de vez na União Europeia. Contudo, a ideia não agrada a maioria, pois perderiam a exclusividade de pesca em extensões marítimas que conseguiram após anos de disputa com o Reino Unido.
Por mais que não se saiba que fim levará a soberania da Islândia, importante é que – independentemente de soluções oficiais – uma rede de solidariedade está se fortalecendo para superar a crise fulminante. E o mais interessante: as alternativas fogem às tradicionais receitas do socialismo do século 20.
Até agora são iniciativas horizontais e participações sociais espontâneas que estão aliviando as dificuldades imediatas: produção doméstica, trocas, compartilhamento, comunicação, improviso. A resposta de atitude política dos islandeses é um óptimo exemplo ao mundo – principalmente aos próximos que vierem a falir por aí.