Boicote!...
A
 análise à balança de pagamentos da Alemanha e dos (mal) chamados PIGS, 
já muito citada por Paul Krugman e Gavyn Davies, e o dikatat imperial de
 Berlim sobre a Europa estão a provocar muitos tipos de reacções. Com 
net e redes sociais, a opinião pública pode manifestar o que lhe vai na 
alma, sem ficar à espera. É o que já está a acontecer. No "IE" recebemos
 uma mensagem, que circula na net, e apela ao boicote aos produtos 
alemães.  "É
 urgente que os cidadãos europeus exerçam o seu direito à resistência 
começando desde já por enviar uma mensagem  muito clara para Berlim: 
deixar de comprar produtos de origem alemã". E a mensagem conclui: 
"Talvez assim, finalmente os financeiros alemães comecem a perceber que 
matar os clientes não é um bom negócio. A guerra económica, como todas 
as guerras, não tem vencedores antecipados... E a relação de 
afrontamento do fraco ao forte pode ser sempre uma caixinha de 
surpresas. É pena que a Alemanha não tenha conseguido aprendê-lo ainda, 
depois das suas duas guerras mundiais. 
  
Balança de pagamentos Alemanha/PT_SP_IT 
    Com boicote ou não, há coisas que precisamos de saber! 
O Cerne da Questão
O Euro foi um excelente negócio para a Alemanha e péssimo para os 
GIPS (Grécia, Itália, Portugal e Espanha). Como Paul Krugman  cita Gavyn Davie :  É
 normal debater o problema do endividamento soberano concentrando-se na 
sustentabilidade da dívida pública nas economias periféricas. Mas pode 
ser mais informativo enxergá-lo como um problema no balanço de 
pagamentos. Tomados em conjunto, os quatro países mais problemáticos 
(Itália, Espanha, Portugal e Grécia) têm um deficit conjunto de $US 183 biliões na conta corrente. A maior parte deste deficit corresponde ao deficit no setor público destes países, já que o seu setor privado se 
encontra actualmente num estado aproximado de equilíbrio financeiro. 
Compensando estes deficits, a Alemanha tem um superavit de $US 182 biliões em conta corrente, equivalente a cerca de 5% do seu PIB... 
Isto
 significa que, ao contrário do que acontece num estado federal, o 
estado que produz mais riqueza não a reparte significativamente pelos 
outros estados (fomentando a sua economia, por exemplo). 
Percebe-se
 assim a atitude de boicote sistemático da Sra Merkel a qualquer plano 
que ponha cobro aos ataques especulativos e sequenciais dos mercados 
financeiros, pois isso exigiria que a Alemanha utilizasse uma parte do 
seu superavit para realizar empréstimos que apenas renderiam uma taxa de
 juro modesta. 
Pelo
 contrário, se conseguir fazer aguentar a situação de impasse por mais 
algum  tempo, o bloqueio do crédito fará com que um grande número de 
empresas tenham de ser vendidas para não falirem, sendo então compradas 
pelos alemães, 
Temos
 assim um ataque em tenaz tão ao gosto germânico:  mantêm-se os países 
desprovidos dos normais mecanismos de defesa cambial -resultante da 
moeda única e das regras impostas ao Banco Central Europeu - acentuando 
rapidamente as suas  debilidades estruturais e, simultaneamente,  
dificulta-se o acesso ao crédito, levando cidadãos  empresas e estados a
 um beco sem saída. 
Depois
 de espalhar o medo, substituem-se os governos desses países (Grécia, 
Portugal, Espanha, Itália), reduzem-se salários e regalias sociais e, 
finalmente, compra-se a capacidade produtiva de um país ao preço de 
saldo.  
Sem
 disparar um tiro, a Alemanha está a conseguir  alimentar os seus 
desígnios imperiais melhor do que conseguiu na primeira e segunda 
guerras. Em menos de 100 anos a Europa tem de enfrentar uma calamidade 
social provocada pela Alemanha. 
De
 facto estamos a enfrentar uma situação de Guerra, em que as armas até 
podem ser corteses e silenciosas, mas não deixam de ser devastadoras. 
Sabendo-se
 que 60% das exportações da Alemanha se destinam à Europa é urgente que 
os cidadãos europeus exerçam o seu direito à resistência começando desde já por enviar uma mensagem  muito clara para Berlim: deixar de comprar produtos de origem alemã. 
Esta
 é uma acção fácil de levar a cabo pois o mercado oferece uma grande 
variedade de alternativas ; por outro lado a contracção das economias 
dos países europeus em dificuldades vai  amplificar muito o efeito do 
boicote. 
Talvez que assim, finalmente, os financeiros alemães comecem a perceber que matar os clientes não é um bom negócio.   
 
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